Arquivo Vivo é uma ficção distópica criada a partir dos imperativos de distanciamento entre corpos e o esvaziamento dos espaços públicos e cênicos, para imaginar formas de preservação da memória do teatro.

Nós da tantocria, responsáveis pela direção de arte do projeto, fizemos a tradução visual de todo o imaginário construído coletivamente para dar corpo a este arquivo, através da criação de imagens fotográficas, ilustrações, objetos de cena e da identidade gráfica.

No ensaio fotográfico dirigido por Patricia Almeida, compusemos através de luz e cenografia uma ambiência asséptica e etérea que entra em contraste com corpos resistentes, expressivos, desejantes, em busca dos toques e trocas de afeto possíveis, através das camadas plásticas que os separam. O conjunto de imagens criadas se configurou como a principal componente visual da experiência proposta pela peça, oferecida ao público em fragmentos encontrados em pastas em um link na nuvem. Extrapolando o papel de material de divulgação do trabalho, as fotos feitas no meio do processo influenciaram decisões dramatúrgicas e ajudaram a configurar o tom e a ambiência desejados pelos diretores Jorge Alencar e Neto Machado para os demais materiais produzidos e oferecidos ao público nesse labirinto virtual.

Nessa dramaturgia  composta por fragmentos, pedaços de uma história com múltiplas possibilidades e sentidos podem ser juntados por cada espectador ao percorrer as pastas em um link armazenado na nuvem. A cenografia, nesse caso, também se fragmenta em cenários oníricos, ilustrações, fotografias, documentos e na própria forma como se organizam e nomeiam as pastas na nuvem. Cada pedaço é uma porta, um espaço aberto para que a imaginação do espectador possa guiar o caminho e comandar a experiência.