a casa coworking
a casa coworking
Salvador, 2017
arquitetura, identidade visual, sinalização
Projeto arquitetônico de reforma, convertendo antiga casa dos anos 1960 em espaço corporativo; criação de identidade visual, com desenho de logotipo, pictogramas, animações e papelaria institucional; projeto de sinalização ambiental.
Lidar com as camadas de memória acumulada nas paredes de uma casa construída em 1959 pelo avô do proprietário foi a principal diretriz no desenvolvimento desse projeto de arquitetura. As transformações no interior da casa foram se acumulando ao longo do tempo e apenas o volume icônico em duas águas do seu pavimento superior, marcado por grandes janelas verdes, manteve-se apesar de tudo como forte referência desta paisagem em constante transformação.
Um trabalho de arqueologia no espaço e no tempo, em que, ao contrário de buscar restaurar o edifício a uma condição “original”, todas as materialidades e espacialidades mantidas, resgatadas ou acrescidas respondiam, antes, a critérios funcionais, estéticos e afetivos. A composição de faixas de pintura descascadas, por exemplo, foi inspirada pela descoberta de um painel de ladrilhos hidráulicos na parede do salão principal. Volumes anexos foram demolidos, recuperando a relação de protagonismo e leveza do pavimento superior, projetado em balanço sobre as paredes de pedra do andar térreo. Este, por sua vez, foi alterado de maneira significativa, coma criação de jardins no seu perímetro externo e o reposicionamento do acesso junto à escada existente, criando um hall de distribuição dos fluxos entre as salas superiores e o salão de coworking.
O pergolado que se desenvolve sobre a varanda, ao mesmo tempo que sombreia o salão, o resguarda da rua, e unifica o volume da casa com a de seu anexo. Arquitetura viva e em constante transformação, o frondoso jardim de acácias, bouganvilles e jasmins esconde quase completamente a malha de vergalhões, preenchendo a casa com o perfume das flores de jasmim da infância do proprietário. O vazio, a memória e a vegetação, são, assim, as principais substâncias agenciadas pelo projeto. Atravessando estes elementos, a cor vermelha e as estruturas em serralheria marcam em todo o edifício a presença dos elementos novos. O uso de chapas metálicas, telas de chapa expandida e vergalhões nervurados foi explorado em toda a sua plasticidade, dando forma a pergolados, puxadores, guarda-corpos, corrimões, gradis, portões, janelas e bicicletários.
A possibilidade de desenvolver de forma integrada, desde a concepção arquitetônica e o desenho de mobiliário até os projetos de identidade visual e sinalização ambiental, permitiu realizar um conjunto coerente e coeso de soluções. A logomarca do empreendimento funde em um só símbolo o desenho icônico da fachada pré-existente com as linhas e dobras dos elementos em vergalhão desenhados para o novo uso; as texturas do edifício ilustram as peças da papelaria, enquanto o mesmo tom de vermelho da serralheria é adotado como eixo cromático do projeto gráfico e da sinalização que, por sua vez, adota a linguagem das faixas das paredes e a materialidade das chapas metálicas e revestimentos melamínicos do mobiliário.
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Projeto arquitetônico desenvolvido em colaboração com a AMMA Arquitetos (Nina Barreto e André Souza).
Indicado ao prêmio internacional Archdaily Building of The Year.